O PAPEL DAS HABILIDADES PREDITORAS NA ALFABETIZAÇÃO PARA O SUCESSO ESCOLAR

O Papel das Habilidades Preditoras na Alfabetização para o Sucesso Escolar  é essencial para promover um desenvolvimento eficiente e bem-sucedido da leitura e da escrita. Este artigo explora os fatores que contribuem para a alfabetização precoce, destacando a importância dessas habilidades na construção de uma base sólida para o sucesso escolar contínuo.

A alfabetização é um dos pilares fundamentais para o sucesso escolar e, consequentemente, para o desenvolvimento integral dos alunos. Mas quais são as habilidades essenciais que preveem um desempenho positivo na alfabetização? Como essas competências podem ser desenvolvidas e aprimoradas nas primeiras fases da educação? E de que maneira os professores e pais podem contribuir para fortalecer essas habilidades preditoras? Neste artigo, exploraremos essas questões e analisaremos a importância dessas competências para garantir uma trajetória escolar bem-sucedida.

O Que são Habilidades Preditoras da Alfabetização?

As habilidades preditoras da alfabetização são um conjunto de habilidades essenciais para o desenvolvimento da leitura e escrita. Estas são habilidades metalinguísticas que incluem a consciência fonológica, vocabulário, memória operacional fonológica e velocidade de acesso ao léxico mental. Elas desempenham um importante papel no processo de aprendizagem e são fundamentais para garantir o sucesso no domínio da alfabetização.

O alfabeto da Língua Portuguesa é composto por 26 letras que permitem a representação dos sons da fala (fonemas) por meio da correspondência entre grafemas e fonemas. A Língua Portuguesa possui 31 fonemas, divididos em dois grupos: 12 vocálicos e 19 consonantais. Um fonema pode ser representado por uma única letra ou por um conjunto de letras, e um grafema pode representar mais de um fonema (som).

Para dominar a correspondência entre fala e escrita, é fundamental desenvolver o princípio alfabético, que é a primeira condição para aprender a ler e escrever (MORAIS et al., 2013; MALUF; SARGIANI, 2015). A segunda condição é o domínio da correspondência entre fonema e grafema (MORAIS et al., 2013), ou seja, a relação entre os componentes da fala e seu sistema de representação escrita. Para o indivíduo dominar o sistema de representação no nível alfabético, é necessário conhecer um conjunto de regras de correspondência grafofonológica ou fonográfica.

O Sistema de Escrita Alfabética (SEA) é composto pelo alfabeto e representado por fonemas, que são entidades abstratas. Segundo Morais et al. (2013), antes da alfabetização, as pessoas geralmente não possuem consciência fonêmica. No entanto, ao iniciarem o processo de aprendizagem da leitura e escrita em um sistema alfabético, começam gradualmente a desenvolver essa consciência, tanto na percepção quanto na manipulação fonêmica.

Para Capellini e Ciasca (2000), a consciência linguística (estágio intermediário entre o conhecimento intuitivo da língua e o conhecimento explícito) não emerge de forma repentina, desenvolve-se em um continuum de etapas evolutivas sucessivas, não necessariamente lineares. Resulta do desenvolvimento e amadurecimento biológico em constantes trocas com o meio e o contexto, e é favorecida pelas complexas tarefas linguísticas a que é submetido, inclusive o aprendizado da leitura.

Portanto, para aprender a ler e a escrever, requer o desenvolvimento de habilidade metalinguística que se refere à  habilidade de pensar e refletir sobre a própria língua. Tais habilidades incluem os aspectos da língua voltados para os níveis morfológicos, fonológico, sintático e semântico. No entanto há uma condição básica para o uso escrito da língua, que é a apropriação do sistema alfabético, o qual envolve um aprendizado mais específico, relativo aos componentes do sistema fonológico e as suas interrelações (Gray & McMcutchen, 2006; Araújo & Minervino, 2008; Hogan, Bowles, Catts, & Storkel, 2011).

A Compreensão de que existe uma relação entre as letras e os sons da fala é o modelo ideal do sistema alfabético (Navas & Santos, 2004; Swanson, Howard, & Saez, 2006; Keilmann, & Wintermeyer, 2008). Entretanto, na língua portuguesa há várias situações em que nem sempre existe uma correspondência única, acarretando confusões quanto à escolha do grafema a ser decodificado ou simbolizado no ato da leitura (Capellini & Smythe, 2008).

Para que ocorra a compreensão do sistema alfabético, é necessário a percepção de que as palavras escritas são formadas por unidades menores que a sílaba e que essas unidades são responsáveis pelo significado das palavras, ou seja, o aprendiz deve compreender que as letras correspondem a segmentos sonoros sem significados, os fonemas, para que consiga realizar com êxito a correspondência grafofonêmica, havendo, para isso, uma estreita relação entre a língua falada  e a escrita (Gindri, Keske-Soares, & Mota, 2007; Camargo & Navas, 2008; Piasta & Wagner, 2010; Silva & Capellini, 2011; Ukrainetz, Wilkerson, & Beddes, 2011).

As principais habilidades preditoras da alfabetização incluem:

  • Consciência fonológica: é a capacidade de pensar sobre os sons da língua. Envolve a habilidade de identificar, segmentar e manipular as unidades sonoras da fala, como sílabas e fonemas.
  • Vocabulário: refere-se ao número de palavras que uma pessoa reconhece e compreende. Ter um amplo vocabulário é fundamental para compreender e expressar ideias de forma eficaz.
  • Memória operacional fonológica: é a capacidade de manipular informações sonoras da língua de forma temporária. Envolve a habilidade de armazenar e processar ativamente os sons da fala durante a leitura e escrita.
  • Velocidade de acesso ao léxico mental: é a rapidez com que uma pessoa acessa as palavras armazenadas em sua mente. Quanto mais rápido o acesso ao léxico mental, mais fluente e eficiente é a leitura e compreensão de texto.

O desenvolvimento dessas habilidades é fundamental para o sucesso na alfabetização. A consciência fonológica permite que as crianças entendam a relação entre os sons da fala e as letras, facilitando o processo de decodificação e aprendizagem do sistema alfabético. O vocabulário rico contribui para a compreensão de textos e a produção textual. A memória operacional fonológica desempenha um papel crucial na manipulação e organização das informações durante a leitura. E a velocidade de acesso ao léxico mental agiliza o processo de leitura, facilitando a compreensão e fluência.

É importante que os educadores e profissionais da área da alfabetização reconheçam a importância dessas habilidades e trabalhem em sua estimulação e desenvolvimento desde os primeiros anos escolares. Intervenções específicas e estratégias de ensino focadas nessas habilidades podem ajudar as crianças a alcançar um melhor desempenho na leitura e na escrita.

Veja o vídeo do Canal CircuitoPSI  sobre Habilidades Preditoras da Alfabetização: Consciência Fonológica  https://youtu.be/8UgRMdYx4ow

A Importância da Consciência Fonológica na Alfabetização

A consciência fonológica desempenha um papel crucial no processo de alfabetização. Ela permite que as crianças identifiquem e manipulem os sons da fala, como as sílabas e fonemas. O conhecimento dos sons da língua é fundamental para a decodificação, ou seja, a transformação das letras em sons durante a leitura. Quanto maior o domínio dos sons da língua, mais facilidade a criança terá em compreender a relação entre os sons e as letras, o que facilitará a decodificação e a compreensão das regras ortográficas.

A consciência fonológica é uma parte integrante da consciência metalinguística , está relacionada com a habilidade de refletir e manipular os segmentos da fala, abrangendo, além da capacidade de reflexão (consultar e comparar), a capacidade de operar com rimas, aliteração, sílabas e fonemas (contar, segmentar, unir, adicionar, suprimir, substituir e transpor). (Capellini; Ciasca, 2000; Santos; Siqueira, 2002). Essas habilidades são essenciais para a alfabetização, pois ajudam a criança a compreender a relação entre os sons da fala (fonemas) e as letras (grafemas).

De acordo com Cielo (2002), as habilidades de consciência linguística, incluindo as de consciência fonológica, são desenvolvidas ao longo da interação com o meio e da maturação cronológica da criança com as tarefas de consciência fonológica variando de complexidade de acordo com o estágio de desenvolvimento em que ela se encontra. Por conseguinte, o desenvolvimento fonológico de uma criança ocorre de forma gradual até que o sistema fonológico esteja completamente estabelecido, conforme a comunidade linguística à qual ela pertence. Geralmente, espera-se que esse sistema esteja consolidado por volta dos 5 anos de idade (Mota, 2001; Vieira, Mota, Keske-Soares, 2004). No entanto, o processo pode variar, iniciando-se aos 4 anos e podendo estender-se até os 6 anos de idade (Vieira, Mota, Keske-Soares, 2004).

Sob o ponto de vista de Santamaria, Leitão e Assencio-Ferreira (2004), o processo de alfabetização envolve a análise das palavras em seus componentes (letras e formas) e a utilização de regras de correspondência entre letras e sons para codificação e decodificação. Esses autores destacaram que, a partir da década de 1970, diversos estudos enfatizaram a importância do processamento fonológico para a leitura e a escrita, evidenciando claramente a relevância das habilidades de processamento fonológico para a compreensão da leitura. Os autores compararam o desenvolvimento fonológico com os processos de alfabetização para mostrar como a capacidade de reconhecer e manipular os sons da fala (desenvolvimento fonológico) é crucial para aprender a ler e escrever. Eles argumentaram que entender e utilizar a correspondência entre letras e sons é fundamental para a codificação (escrever) e decodificação (ler) de palavras, destacando que habilidades fonológicas robustas são essenciais para a alfabetização.

Para Tirapegui, Gajardo e Ortiz (2005), a consciência fonológica é uma atividade metalinguística, o que significa que envolve a capacidade de pensar sobre e manipular os sons da linguagem de forma consciente e explícita. Essa habilidade permite identificar e trabalhar com as unidades fonológicas das palavras, sejam elas sílabas ou fonemas. Do ponto de vista do desenvolvimento, a capacidade metalinguística relacionada às sílabas se desenvolve durante a pré-escola, enquanto a consciência dos fonemas, que são os sons individuais que compõem as palavras, é adquirida durante o período escolar, juntamente com a aprendizagem formal da leitura e da escrita.

Para Gindri, Keske-Soares e Mota (2007), o conhecimento alfabético requer uma série de habilidades fonológicas especializadas. Inicialmente a consciência fonológica permite às crianças representar os seguimentos de som na linguagem escrita, no entanto, aprender a ler solicita tipos mais avançados de consciência fonológica. À medida que as crianças tomam consciência de tipos diferentes de unidades fonológicas, como sílabas, rimas e fonemas, e aprendem a manipulá-las, há concomitantemente avanço de leitura.

Estudos demonstraram que os estágios iniciais da consciência fonológica contribuem para o desenvolvimento inicial do processo de leitura. Esse processo, por sua vez, facilita o desenvolvimento de habilidades de consciência fonológica mais complexas. Parece que, enquanto a consciência de alguns segmentos sonoros, como rima, aliteração e sílabas, se desenvolve de maneira espontânea, a consciência fonêmica depende de experiências específicas com a linguagem escrita. Essas experiências permitem a identificação da correspondência entre os elementos fonêmicos da fala e os grafêmicos da escrita.

Assim, algumas habilidades de processamento fonológico são consideradas pré-requisitos para a aquisição da linguagem escrita. Simultaneamente, a competência em leitura e escrita promove o desenvolvimento de níveis mais refinados de processamento fonológico, que, por sua vez, impulsionam níveis mais avançados de leitura, gerando uma relação de causalidade recíproca. Assim, a promoção da consciência fonológica deve iniciar desde a educação infantil, por meio de atividades lúdicas e estimulantes. Jogos que envolvam a identificação de sons, brincadeiras com rimas e a exploração dos diferentes componentes sonoros da fala podem ser utilizados para auxiliar no desenvolvimento dessa habilidade. 

Como visto, a análise de diversos autores sobre a consciência fonológica revela uma unanimidade em destacar sua importância crucial para a alfabetização e o desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita. Tais autores concordam que a consciência fonológica, que envolve a habilidade de identificar e manipular unidades fonológicas das palavras, é uma atividade metalinguística fundamental. Eles destacam que, durante a educação pré-escolar, a habilidade de consciência silábica se desenvolve naturalmente, enquanto a consciência fonêmica se adquire em contexto escolar com o aprendizado formal da leitura e escrita. Assim, o desenvolvimento da consciência fonológica está intimamente ligado ao sucesso na alfabetização, sendo tanto um pré-requisito quanto uma habilidade que se aperfeiçoa com a prática da leitura e escrita.

O Papel do Vocabulário na Leitura e Escrita

O vocabulário desempenha um papel fundamental na leitura e escrita. É o nosso “banco de dados” de palavras e seus significados. Quanto maior e melhor o vocabulário de uma pessoa, mais facilidade ela terá em compreender textos e produzir textos. Durante a leitura, acessamos constantemente nosso vocabulário para atribuir significados às palavras.

A importância do vocabulário na aprendizagem da leitura e da escrita é amplamente reconhecida. Pesquisas têm mostrado que o vocabulário está reciprocamente relacionado com habilidades de decodificação, fluência e compreensão da leitura. Além disso, um vocabulário bem desenvolvido também parece estar associado a produções escritas de maior qualidade. Estudos indicam que o ensino explícito de vocabulário é essencial para promover o desenvolvimento lexical, especialmente nos primeiros anos de alfabetização.

Podemos imaginar o vocabulário como nosso dicionário interno, uma lista de todas as palavras que conhecemos. Cada palavra possui múltiplos significados (polissemia) e pode assumir nuances diferentes conforme o contexto. Além disso, a classe gramatical de uma palavra pode variar. Conhecer uma palavra profundamente vai além de saber seu significado básico; envolve entender suas diversas representações e usos. Segundo a Hipótese da Qualidade Lexical (Perfetti & Hart, 2001), a qualidade dessas representações no nosso léxico mental pode variar consideravelmente, afetando nossa compreensão e uso da linguagem.

A Hipótese da Qualidade Lexical, proposta por Perfetti e Hart em 2001, sugere que a qualidade das representações lexicais no nosso léxico mental, ou dicionário interno, pode variar amplamente. Essa qualidade é determinada pela precisão e riqueza das informações armazenadas sobre cada palavra, incluindo sua ortografia, fonologia e significado. Representações de alta qualidade facilitam a leitura e a compreensão, pois permitem o acesso rápido e preciso às informações necessárias para decodificar e interpretar palavras no contexto da leitura e da escrita.

As palavras em nosso léxico fazem parte de uma rede integrada de conhecimento (Pustejovsky, 2015). Representações de alta qualidade permitem processamento mais rápido porque ativam mais informações relacionadas à palavra. Quanto mais ativação a palavra recebe, mais rapidamente percebemos seu significado ou leitura correta. Em representações de baixa qualidade, com menos informações associadas, é mais difícil acessar a palavra para obter sua fonologia e significado (Perfetti, 2007). À medida que as crianças aprendem a ler e escrever, elas adicionam conhecimento ortográfico às suas representações lexicais, resultando em representações de alta qualidade que armazenam informações fonológicas, ortográficas, sintáticas e semânticas (Braze et al., 2007).

Assim, a qualidade das representações lexicais influencia o processamento e a compreensão das palavras. Representações de alta qualidade, que armazenam múltiplas informações sobre uma palavra, facilitam a leitura e a compreensão, enquanto representações de baixa qualidade dificultam o acesso às informações necessárias. Isso destaca a importância de uma educação que enriqueça o vocabulário e as representações lexicais das crianças, contribuindo para seu desenvolvimento linguístico e cognitivo.

Alunos com um vocabulário rico conseguem ler e entender textos com maior facilidade, o que também se reflete na qualidade de sua expressão escrita. Assim, a ampliação do vocabulário é essencial para um desenvolvimento educacional robusto. Um bom desenvolvimento do vocabulário é importante desde a infância, e o ambiente educacional desempenha um papel crucial nesse desenvolvimento. Quando crianças são expostas a um vocabulário rico e variado, elas têm a oportunidade de aprender novas palavras e ampliar seu conhecimento da língua. Isso as ajuda a compreender o que leem e expressar suas ideias por escrito de forma mais precisa e eficaz.

Durante a leitura, encontramos palavras desconhecidas que podem interromper nosso fluxo de leitura e prejudicar nossa compreensão. No entanto, se tivermos um vocabulário diversificado, seremos capazes de deduzir o significado dessas palavras com base em nossa familiaridade com palavras semelhantes ou através do contexto em que são usadas.

“A leitura e a escrita são atividades que requerem o uso ativo do vocabulário. Quanto mais palavras conhecemos, mais recursos temos para expressar nossas ideias e compreender o que lemos.”

A produção textual também depende em grande parte de um bom vocabulário. Ao escrever, precisamos selecionar as palavras certas para transmitir nossas ideias de forma clara e precisa. Um vocabulário limitado pode resultar em escrita imprecisa e dificuldade em transmitir nossas mensagens de forma eficaz.

Benefícios voltados para o desenvolvimento do vocabulário:

  1. Importância do Vocabulário: O vocabulário é fundamental para a aprendizagem da leitura e da escrita. Ele está relacionado de forma recíproca com competências de decodificação, fluência e compreensão da leitura, além de influenciar a qualidade da expressão escrita.  Alunos com um vocabulário rico conseguem ler e entender textos com maior facilidade, o que também se reflete na qualidade de sua expressão escrita.
  2. Desenvolvimento Lexical: O desenvolvimento do vocabulário é essencial nos primeiros anos de alfabetização. Ensinar vocabulário explicitamente é necessário para promover o crescimento lexical dos alunos. Durante essa fase, é essencial que o ensino do vocabulário seja explícito e sistemático. Estratégias pedagógicas bem estruturadas, que incluam a instrução direta de novas palavras e o uso de contextos variados para reforçar o aprendizado, são fundamentais para promover um vocabulário amplo e funcional.
  3. Relação com Competências de Leitura: O vocabulário não só facilita a decodificação e a fluência na leitura, mas também contribui para a compreensão textual. Alunos com um vocabulário mais amplo tendem a ter melhor desempenho em leitura. Estudantes com um vocabulário bem desenvolvido tendem a interpretar e entender melhor os textos, o que se reflete em um desempenho acadêmico superior. A correlação entre vocabulário e compreensão de leitura destaca a importância de um ensino direcionado e eficaz.
  4. Intervenção Educacional: Estratégias pedagógicas, como a instrução explícita e o uso de contextos variados para a aprendizagem de novas palavras, são recomendadas para enriquecer o vocabulário dos estudantes. Ensinar novas palavras de forma sistemática e integrada ao cotidiano escolar é essencial para fomentar o desenvolvimento lexical. Dessa forma, os alunos estarão mais bem preparados para enfrentar os desafios da leitura e da escrita ao longo de sua trajetória educacional.

Portanto, é essencial que educadores e pais incentivem o desenvolvimento do vocabulário desde cedo. É importante expor as crianças a uma ampla variedade de palavras através da leitura e de conversas significativas. Além disso, é fundamental fornecer oportunidades para que as crianças usem e pratiquem seu vocabulário por meio da escrita e de discussões em sala de aula.

O Poder das Palavras: O Vocabulário na Alfabetização

As experiências das crianças desempenham um papel crucial no desenvolvimento do vocabulário, resultando em grandes variações na extensão (variedade de palavras adquiridas), e profundidade (compreensão dos múltiplos significados) de seu vocabulário no início da alfabetização (Murphy et al., 2016). Um vocabulário limitado pode dificultar a aquisição de habilidades de leitura e escrita, levando a dificuldades em várias áreas de aprendizagem. Isso ocorre porque as crianças com vocabulário pobre enfrentam desafios tanto na compreensão auditiva quanto na leitura (Jalongo & Sobolak, 2011). Portanto, é essencial proporcionar experiências ricas em linguagem desde cedo para apoiar o desenvolvimento lexical.

Vejamos alguns procedimentos e estratégias para apoiar o desenvolvimento do vocabulário:

  1. Sinonímia e antonímia: Esta tarefa envolve ensinar aos alunos palavras que têm significados semelhantes (sinônimos) e opostos (antônimos). Por exemplo, associar “feliz” com “alegre” e “triste” como oposto. Este exercício ajuda a expandir o vocabulário, oferecendo múltiplas palavras para expressar uma ideia e compreendendo diferentes contextos em que palavras podem ser usadas.
  2. Categorização: Esta atividade consiste em agrupar palavras em categorias ou grupos baseados em características comuns. Por exemplo, categorizar “maçã”, “banana” e “laranja” como frutas. Esse exercício melhora a organização mental do vocabulário e facilita a aprendizagem ao criar conexões lógicas entre palavras.
  3. Comparação com palavras semelhantes: Nesta tarefa, os alunos comparam e contrastam palavras com significados ou formas similares. Por exemplo, comparar “rápido” com “ligeiro” e discutir as diferenças sutis entre eles. Isso aprofunda a compreensão das nuances de significado e uso das palavras, enriquecendo o vocabulário dos alunos de forma mais complexa.

O desenvolvimento do vocabulário é um processo que continua ao longo da vida. Quanto mais nos empenhamos em melhorar nosso vocabulário, mais nos beneficiamos na leitura, escrita, compreensão textual e produção textual. Portanto, o investimento no vocabulário é fundamental para o crescimento intelectual e sucesso acadêmico.

A Memória Operacional Fonológica na Leitura

A Memória Operacional (MO) é essencial para armazenar e manipular informações temporárias, facilitando a execução de tarefas cognitivas como cálculos, leitura, conversação e planejamento. Lima (2006) explica que a MO seleciona, analisa, conecta, sintetiza e recupera informações, interligando conhecimentos prévios e novos.  Abreu (2018), também afirma ser o processo cognitivo que tem a função de armazenar e manipular a informação por determinado período, visando selecionar, analisar, conectar, sintetizar e resgatar as informações já aprendidas fazendo conexão com as informações novas. A MO permite a manipulação das informações, por exemplo, ao subtrair mentalmente dígitos de um valor ou ordenar palavras alfabeticamente. Isso envolve a capacidade de manter e manipular dados por um breve período, provenientes do ambiente imediato ou da memória de longo prazo. Assim, a memória operacional sustenta funções cognitivas superiores, incluindo linguagem, pensamento e raciocínio.

O conceito de MO, introduzido por Baddeley e Hitch (1974), refinou a compreensão dos sistemas cognitivos, superando as limitações do conceito de memória de curto prazo, que não explicava alguns achados empíricos (Baddeley, 2011). O modelo mais estudado e apoiado por evidências neuropsicológicas é o Modelo Multicomponente de Memória Operacional de Baddeley e Hitch (1974, 2000). Originalmente, ele incluía três componentes, mas atualmente consiste em quatro: componentes: executivo central, a alça fonológica, o esboço visuoespacial e o buffer episódico (Baddeley, 2012).

Nos últimos 20 anos, inúmeras pesquisas têm investigado a hipótese de que a MO é um processo que constitui a base da habilidade de aprender (Alloway & Alloway, 2010; Alloway & Passolunghi, 2011; Gathercole, Pickering, Knight, & Stegmann 2004; Rohde & Th ompson, 2007; Zheng, Swanson, &
Marcoulides, 2011). A MO é requerida sempre que algo deve ser aprendido. A aprendizagem requer a manipulação da informação, interação com a memória de longo prazo e, simultaneamente, armazenamento e processamento da informação (Dehn, 2008).

O Executivo Central: É descrita por Baddeley (2012) como o mais importante componente da memória operacional. Desempenha funções como: a) atenção seletiva – que corresponde à habilidade de focar a atenção em uma informação relevante e inibir outras informações distratoras; b) flexibilidade mental – que é a capacidade de coordenar múltiplas atividades cognitivas simultaneamente; c) ajuda a selecionar e executar planos e estratégias; d) capacidade de evocar informações armazenadas na memória de longo prazo. Desse modo,  o executivo central faz a interação/ligação entre a informação que está sendo processada e a que está na memória de longo prazo e, também, vai controlar a alça fonológica e o esboço visuoespacial.

A Alça Fonológica (phonological loop): Armazena determinada quantidade de sons por um período curto de tempo. Quando precisamos manter uma sequência de números repetimos constantemente para nós mesmos esta informação pelo tempo que desejamos para que a informação não se perca. Este componente parece contribuir significativamente para os processos linguísticos como no desenvolvimento do processo de decodificação e na aprendizagem de novas palavras. Então, a alça fonológica é um armazenamento temporário de uma sequência acústica.

O Esboço Visuoespacial (visuospatial sketchpad):  Armazena informações visuais, espaciais e provavelmente cinestésicas (relacionadas a percpção do movimento). Algumas pesquisas demonstram que esse componente pode estar envolvido em tarefas de leitura diária – isto é, na manutenção de uma representação da página e seu layout – o que facilita tarefas como o mover os olhos com precisão a partir do final de uma linha para o início da próxima (BADDELEY, 2000).

O Buffer Episódico: É o responsável pela integração de informações fonológicas, visuais e espaciais
que adentram a mente, sejam as informações provenientes do meio externo ou da própria memória de longo prazo.

Dessa forma, a alça fonológica e o esboço visuoespacial são responsáveis pelo processamento e armazenamento temporário de informações específicas, enquanto o executivo central se encarrega do processamento geral sem capacidade de armazenamento. Como nenhum desses componentes consegue armazenar informações combinadas de diferentes tipos, o buffer episódico atua para preencher essa lacuna. Ele integra informações de várias fontes em um único episódio, conectando os subsistemas alça fonológica e esboço visuoespacial (Baddeley, 2006).

A memória operacional fonológica (MOF), desempenha um papel crucial no processo de leitura. Essa habilidade é responsável por armazenar e manipular informações sonoras durante a leitura, permitindo que nosso cérebro relacione os estímulos visuais (letras) com os sons da fala (fonemas) e dê sonoridade às palavras. Gathercole & Baddeley, (1990), sugere que a aquisição de vocabulário, regras gramaticais e o desempenho na leitura parecem ser algumas das funções da alça fonológica. A alça fonológica é especializada na gravação de sequências acústicas ou itens baseados na fala. A utilidade da alça fonológica em crianças e adultos vem sendo investigada há mais de vinte anos (Vallar & Baddeley 1987; Gathercole & Baddeley 1990; Leather & Henry, 1994; Bayliss et al. 2003; Hitch et al. 2001; (Bayliss, Jarrold, Baddeley, & Leigh, 2005).

Enquanto lemos, a memória operacional fonológica trabalha para processar e manipular essas informações sonoras, possibilitando a decodificação das palavras e a compreensão do texto. Ela nos permite relacionar os símbolos escritos com os sons que representam, possibilitando a compreensão do significado das palavras. Uma boa memória operacional fonológica é essencial para um bom desempenho na leitura, pois quanto mais eficiente essa habilidade, mais facilmente conseguimos manipular e processar informações sonoras, o que contribui para uma leitura fluente e compreensiva.

A memória de trabalho fonológica é responsável pelo armazenamento temporário e pelo processamento simultâneo de informações e mensagens. Estudos indicam que essa habilidade está intimamente ligada à competência e compreensão leitora. Isso porque manter segmentos do texto ou palavras temporariamente é crucial para selecionar, interpretar e evocar informações, facilitando a compreensão do texto (Nevo & Bar-Kochva, 2015; Demoulin & Kolinsky, 2015; Fonsaca, 2013). Essa habilidade é importante para o desenvolvimento da linguagem e da aprendizagem.

Importância da Memória Operacional Fonológica na Leitura:

  • Relacionar os estímulos visuais (letras) com os sons da fala (fonemas)
  • Decodificar as palavras durante a leitura
  • Compreender o significado das palavras
  • Realizar tarefas de manipulação de informações sonoras
  • Promover uma leitura fluente e compreensiva

Uma maneira de fortalecer e desenvolver a memória operacional fonológica é por meio da prática de atividades que estimulem a manipulação e processamento de informações sonoras, como jogos de memória, repetição de sequências de sons ou palavras, e associação de símbolos escritos com sons correspondentes.

Ter uma memória operacional fonológica eficiente é essencial para o sucesso na leitura e no desenvolvimento da linguagem. Ao fortalecer essa habilidade, as crianças têm a capacidade de relacionar estímulos visuais e sonoros de forma mais eficaz, manipular informações com facilidade e compreender o significado das palavras. Investir no desenvolvimento da memória operacional fonológica desde cedo contribuir para uma alfabetização mais sólida e para o sucesso escolar.

A Velocidade de Acesso ao Léxico Mental na Alfabetização

A velocidade de acesso ao léxico mental desempenha um papel importante no processo de alfabetização. Quando somos capazes de acessar rapidamente as palavras armazenadas em nossa mente, isso nos permite fazer conexões rápidas entre as palavras escritas e seus significados. Isso, por sua vez, facilita a compreensão textual e contribui para o desenvolvimento da leitura e fluência na nomeação de palavras.

Quando uma pessoa é rápida e fluida em nomear palavras, sua capacidade de compreender textos é ampliada. Isso ocorre porque a velocidade de acesso ao léxico mental permite que a pessoa processe as palavras de forma mais rápida e eficiente, eliminando a necessidade de pausas prolongadas para buscar significados e, assim, mantendo o fluxo contínuo da leitura.

O acesso lexical pode ser definido como a busca da correspondência entre uma palavra e o seu significado, processo pelo qual recuperamos informações sobre as palavras e suas diferentes representações (ortográfica, fonológica, lexical, semântica e sintática). Trata-se de uma operação linguística que permite, com facilidade e rapidez, entender e produzir palavras para codificar as ideias e nomear rapidamente figuras, sendo que essa habilidade de processar símbolos visuais rapidamente tem importante papel na aprendizagem da leitura e da escrita (Fonseca; Lukasova; Carthery-Goulart, 2021).

Estudos mostram que a fluência na nomeação de palavras está diretamente relacionada à compreensão de leitura. Quanto mais rápido e eficiente alguém for na nomeação de palavras, melhor será sua habilidade em extrair significado e contexto dos textos que está lendo. Essa fluência contribui para uma leitura mais fluida, aumentando a compreensão geral e a capacidade de interpretar o que é lido.

Para explicar o acesso lexical na leitura, a literatura apresenta diversos modelos, sendo o Modelo da Dupla Rota, de Morton (1969) e atualizado por Ellis e Young (1988), um dos mais citados. Este modelo sugere que a capacidade de ler palavras escritas envolve dois processos: a rota fonológica e a rota lexical. Para um leitor ser competente, é necessário dominar ambos.

A rota lexical refere-se ao reconhecimento de palavras familiares, onde o acesso é direto a uma representação preexistente da palavra, que é então convertida em fala. Por outro lado, a rota fonológica é utilizada para palavras novas, que ainda não têm representação no léxico do cérebro e precisam ser decodificadas através das regras de conversão grafema-fonema. Mesmo que o leitor não saiba o significado da palavra, ele pode lê-la usando seu conhecimento fonológico. Assim, tanto palavras conhecidas quanto desconhecidas podem ser lidas pela rota fonológica. No entanto, a leitura de palavras irregulares pode ser mais difícil, pois a correspondência letra-som não segue uma regra fixa.

Durante o processo de alfabetização, as crianças inicialmente utilizam a rota fonológica, que exige um esforço maior para a decodificação e resulta em uma leitura mais lenta e, muitas vezes, sem compreensão completa do significado. Com a rota lexical, a identificação das palavras ocorre através do reconhecimento direto de sua ortografia e significado semântico. Esse processo se desenvolve com a exposição gradual e frequente à leitura de livros, revistas e jogos, permitindo a estruturação do léxico mental (Campos; Pinheiro; Guimarães, 2012).

Por conseguinte, uma maneira de desenvolver e aprimorar a velocidade de acesso ao léxico mental é por meio de práticas de leitura frequentes e diversificadas.  Quanto mais expostos estamos a diferentes tipos de textos, mais palavras somos expostos e mais rápido nosso cérebro se torna na identificação e reconhecimento  dessas palavras.  Além disso, a prática constante da leitura também ajuda a expandir nosso vocabulário,  o que, por sua vez, acelera ainda mais o acesso às palavras em nossa mente. Uma alta fluência na nomeação de palavras está diretamente relacionada à compreensão de leitura, tornando-a mais rápida e eficiente. 

Benefícios da velocidade de acesso ao léxico mental na alfabetização
 1. Compreensão de leitura aprimorada
 2. Fluência na nomeação de palavras
 3. Desenvolvimento da leitura mais rápida e eficiente
 4. Aumento do vocabulário
 5. Maior capacidade de contextualização durante a leitura

Habilidades Preditoras na Identificação Precoce de Dificuldades de Leitura

As habilidades preditoras da alfabetização desempenham um papel importante na identificação precoce de possíveis dificuldades de leitura. Ao observar o desenvolvimento dessas habilidades desde os primeiros anos da escolaridade, é possível identificar alunos que estão em risco de apresentar dificuldades na leitura e, dessa forma, oferecer intervenções direcionadas para auxiliar seu progresso.

A identificação precoce dessas dificuldades é essencial para prevenir futuros problemas de aprendizagem e garantir que as crianças recebam o suporte necessário para desenvolver suas habilidades de leitura e escrita de maneira eficaz. na vasta literatura, estudos indicam que crianças com habilidades preditoras mais fracas na pré-escola têm maior probabilidade de ter dificuldades de leitura no início da escolaridade. Isso destaca a importância de detectar essas dificuldades precocemente para fornecer o suporte adequado antes que os problemas se agravem.

No Brasil o primeiro estudo sobre identificação precoce de escolares de risco para a dificuldade de leitura foi publicado em 2009 (Capellini et al., 2009) e teve por objetivo descrever a elaboração de um protocolo de identificação para problemas de leitura.

A identificação precoce de dificuldades de leitura permite que as escolas adotem estratégias de intervenção específicas, adaptadas às necessidades individuais de cada aluno. Isso pode incluir a oferta de aulas de reforço, programas de leitura assistida, apoio individualizado ou encaminhamento para profissionais especializados, nesse caso a um psicopedagogo.

Ao investir na identificação precoce de dificuldades de leitura por meio da avaliação das habilidades preditoras da alfabetização, as escolas podem oferecer um ambiente de aprendizagem de um projeto de intervenção.  No caso do rastreio das habilidades preditoras no ambiente escolar e implementação de uma intervenção pedagógica por um período de seis meses sem avanço, será necessário fazer um encaminhamento para uma investigação psicopedagógica, por meio de uma avaliação e diagnóstico dos problemas de aprendizagem.

Habilidades PreditorasNível de Risco Identificado
Consciência fonológica limitadaAlto
Vocabulário restritoModerado
Memória operacional fonológica deficienteAlto
Velocidade de acesso ao léxico mental lentaModerado

Essa tabela apresenta exemplos de habilidades preditoras da alfabetização e os níveis de risco identificados em crianças que apresentam deficiências nessas habilidades. A análise desses riscos auxilia os educadores na identificação precoce de dificuldades de leitura, permitindo que sejam implementadas estratégias de intervenção específicas para cada caso. Ao oferecer suporte e intervenção adequados desde cedo, é possível garantir que todas as crianças tenham a oportunidade de alcançar seu pleno potencial na leitura e escrita.

Conclusão

As habilidades preditoras na alfabetização desempenham um papel crucial no sucesso escolar e na aprendizagem das crianças. A consciência fonológica, o vocabulário, a memória operacional fonológica e a velocidade de acesso ao léxico mental são fundamentais para o desenvolvimento da leitura e escrita. Estimular essas habilidades desde cedo e intervir quando necessário é essencial para garantir uma alfabetização bem-sucedida.

Através da identificação precoce de possíveis dificuldades nessas habilidades, os educadores podem fornecer intervenções adequadas para auxiliar no progresso das crianças. O papel do professor é fundamental nesse processo, pois através de práticas pedagógicas adequadas, é possível estimular e desenvolver essas habilidades, garantindo uma base sólida para o sucesso escolar.

Portanto, é de extrema importância que as habilidades preditoras na alfabetização sejam valorizadas e trabalhadas de forma integrada ao currículo escolar. Investir no desenvolvimento da consciência fonológica, vocabulário, memória operacional fonológica e velocidade de acesso ao léxico mental desde a educação infantil é fundamental para proporcionar uma sólida base de aprendizado e contribuir para o sucesso acadêmico e a linguagem dos alunos.

FAQ

O que são habilidades preditoras da alfabetização?

As habilidades preditoras da alfabetização são um conjunto de habilidades essenciais para o desenvolvimento da leitura e escrita. Elas incluem a consciência fonológica, que é a capacidade de pensar sobre os sons da língua, o vocabulário, que se refere ao número de palavras que uma pessoa reconhece e compreende, a memória operacional fonológica, que é a capacidade de manipular informações sonoras da língua, e a velocidade de acesso ao léxico mental, que é a velocidade de acesso às palavras armazenadas em nossa mente. O desenvolvimento dessas habilidades é fundamental para o sucesso na alfabetização.

Qual a importância da consciência fonológica na alfabetização?

A consciência fonológica desempenha um papel crucial no processo de alfabetização. Ela permite que as crianças identifiquem e manipulem os sons da fala, como as sílabas e fonemas. O conhecimento dos sons da língua é fundamental para a decodificação, ou seja, a transformação das letras em sons durante a leitura. Quanto maior o domínio dos sons da língua, mais facilidade a criança terá em compreender a relação entre os sons e as letras, o que facilitará a decodificação e a compreensão da ortografia.

Qual o papel do vocabulário na leitura e escrita?

O vocabulário desempenha um papel fundamental na leitura e escrita. É o nosso “banco de dados” de palavras e seus significados. Quanto maior e melhor o vocabulário de uma pessoa, mais facilidade ela terá em compreender textos e produzir textos. Durante a leitura, acessamos constantemente nosso vocabulário para atribuir significados às palavras. Um bom desenvolvimento do vocabulário é importante desde a infância, e o ambiente educacional desempenha um papel crucial nesse desenvolvimento.

Qual a importância da memória operacional fonológica na leitura?

A memória operacional fonológica é responsável por armazenar e manipular informações sonoras durante a leitura. Enquanto lemos, nosso cérebro relaciona os estímulos visuais (letras) com os sons da fala (fonemas), dando sonoridade às palavras. A memória operacional fonológica é quem manipula essas informações, permitindo que realizemos a decodificação das palavras e a compreensão do texto. Uma boa memória operacional fonológica é essencial para um bom desempenho na leitura.

Qual o papel da velocidade de acesso ao léxico mental na alfabetização?

A velocidade de acesso ao léxico mental está relacionada à rapidez com que uma pessoa acessa as palavras em sua mente. Quanto mais rápido e fluente alguém for na nomeação de palavras, maior será sua capacidade de compreensão de leitura. A velocidade de acesso ao léxico mental permite que façamos conexões rápidas entre as palavras escritas e seus significados, facilitando a compreensão textual.

Como as habilidades preditoras auxiliam na identificação precoce de dificuldades de leitura?

As habilidades preditoras da alfabetização podem ser utilizadas como indicadores precoces de possíveis dificuldades de leitura. Atentar para o desenvolvimento dessas habilidades desde os primeiros anos da escolaridade permite identificar alunos em risco de desenvolver dificuldades de leitura e fornecer intervenções direcionadas para auxiliar seu progresso. A identificação precoce dessas dificuldades é essencial para prevenir problemas de aprendizagem.

Qual o papel do professor na estimulação das habilidades preditoras?

O professor desempenha um papel fundamental na estimulação das habilidades preditoras da alfabetização. Por meio de práticas pedagógicas adequadas, é possível desenvolver e fortalecer essas habilidades nas crianças. O uso de atividades lúdicas, jogos, leituras e exercícios específicos pode auxiliar no desenvolvimento da consciência fonológica, vocabulário, memória operacional fonológica e velocidade de acesso ao léxico mental. O professor também pode adotar estratégias de intervenção precoce para auxiliar alunos com dificuldades nesses aspectos.

Como as habilidades preditoras contribuem para o sucesso escolar das crianças?

As habilidades preditoras da alfabetização desempenham um papel crucial no sucesso escolar e na aprendizagem das crianças. A consciência fonológica, o vocabulário, a memória operacional fonológica e a velocidade de acesso ao léxico mental são fundamentais para o desenvolvimento da leitura e escrita. A identificação precoce de possíveis dificuldades nessas habilidades e a intervenção adequada são essenciais para uma alfabetização bem-sucedida. O papel do professor é fundamental na estimulação e desenvolvimento dessas habilidades, garantindo uma base sólida para o sucesso escolar das crianças.

Links de Fontes

Auxiliadora Lemos
Auxiliadora Lemos

Sou Auxiliadora Lemos. Professora e Psicopedagoga Clínica com mais de 18 anos de experiência na área. Esse espaço é dedicado a assuntos da Psicopedagogia, para guiar estudantes, recém-formados e profissionais que estão começando na área. Meu objetivo é oferecer suporte, compartilhar conhecimentos, dar dicas de recursos e facilitar a transição acadêmica à prática psicopedagógica. Vamos explorar juntos o fascinante universo do desenvolvimento humano e da aprendizagem!

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